Presidente do Banco Central explica a alta do dólar
Em evento, Roberto Campos Neto destaca que depreciação cambial aconteceu com queda de risco e de juros longos

A desvalorização do real não gerou inflação e não preocupou o Banco Central (BC). O que temos de diferente?
A pergunta foi feita pelo gestor do fundo Alaska, Henrique Bredda, ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, saindo um pouco do tema do painel de discussão sobre democratização do sistema financeiro no Fórum de Investimentos Brasil, organizado pela Apex.
Depois de reafirmar que o câmbio é flutuante e que o BC atua para suprir falta de liquidez no mercado, Campos Neto disse que o BC sempre entendeu, “desde o começo”, que teríamos uma fase na qual a curva longa de juros cairia bastante.
Campos Neto lembrou que o movimento de juros que tivemos no governo Michel Temer ficou muito concentrado nas curvas curtas, com o juro longo se sustentando acima de 11%.
Mais recentemente, explicou, estamos vendo essa queda do juro longo, que capta aumento da credibilidade, um governo que leva a situação fiscal a sério e um movimento mundial de redução de juros.
“Juro baixo com curva longa baixa gerou um fenômeno que não tinha no Brasil. As empresas passaram a olhar o custo e passou a valer a pena pré-pagar dívida externa e emitir no mercado local”, explicou.
Para fazer essa operação, a empresa compra dólares no mercado à vista, faz o pagamento da dívida que tinha no mercado externo e depois capta em reais. A Petrobras "fez um pedaço grande", disse Campos Neto, mas outras empresas e setores também.
Esse movimento, explicou Campos Neto, gerou demanda grande no mercado à vista. O que explica a desvalorização persistente do real. No entanto, movimentos de valorização do dólar sempre vieram acompanhados de piora no sentimento de risco, levando a um aumento na demanda por hedge (proteção) cambial.
Desta vez, lembra o presidente do BC, aconteceu o contrário. O câmbio depreciou com as medidas de risco, como os CDS, caindo, e com o juro de longo prazo também caindo.
Esse cenário levou o BC a fazer operações diferentes no mercado de câmbio. Sabendo que a demanda estava no mercado à vista e não no futuro (swap), passou a atuar onde estava a demanda, vendendo dólar à vista e reduzindo o estoque de swaps.
Antes de encerrar a explicação, Campos Neto ressaltou que não existe meta para a taxa de câmbio.
Motor privado
Ao longo de sua fala, Campos Neto também destacou o lema do BC: queremos nos reinventar com dinheiro privado.
“É uma metamorfose. Os surtos de crescimento que tivemos foram sempre com dinheiro público. Queremos crescer com dinheiro privado. Papel do BC é fomentar o mercado e gerar alocação mais eficiente de recursos”, disse.
Quando o tema era investimento em infraestrutura, Campos Neto pediu a palavra para falar que temos de entender que estamos saindo de um ciclo vicioso.
O crescimento da economia era impulsionado com dinheiro público (caro e pouco eficiente). Mais gasto, maior o custo da dívida e mais caro o juro longo. Diante disso, a avaliação era de que era impossível financiar infraestrutura no Brasil. Então tudo teria de ser feito sempre com dinheiro público.
Assim, explicou, tínhamos o juro subsidiado alimento o juro alto de forma generalizada. Agora, isso começou a ser desmontado com o trabalho da política fiscal.
“A nossa reinvenção é com dinheiro privado. Não dá para tirar todos subsídios e incentivos de uma vez, mas as coisas vão se equilibrando. É um processo que está em curso”, disse.
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