A vitória do candidato kirchnerista Alberto Fernández nas primárias das eleições na Argentina e o temor que isso causou nos mercados levaram o presidente do país vizinho, Mauricio Macri, a agir. Mas não da maneira mais liberal.
O ocupante do mais alto cargo político do país e candidato a reeleição anunciou nesta quarta-feira, 14, um pacote de medidas econômicas que inclui o aumento do salário mínimo, aumento de repasses e abatimento de imposto.
Além disso, Macri propôs o congelamento do preço da nafta por 90 dias, em um aceno às pequenas e médias empresas (PMEs).
Segundo Macri, as novas medidas são para trabalhadores informais e formais, estatais e privados. Ele apontou que, nas últimas 48 horas, ficou claro que a incerteza política criou muito dano.
Na segunda-feira, os mercados amanheceram em pânico com o resultado das prévias presidenciais do dia anterior. O Merval, principal índice acionário portenho, desabou mais de 35% naquele dia, enquanto o dólar chegou a decolar 15% em relação ao peso argentino.
A voz das urnas?
Um documento da Casa Rosada informa que o pacote terá um custo fiscal próximo a 40 bilhões de pesos. "Essas medidas são porque escutei o que vocês quiseram me dizer no domingo", explicou o mandatário em pronunciamento à nação.
Para um grupo de dois milhões de trabalhadores que pagam imposto de renda, haverá um aumento de 20% do piso e da dedução especial a partir dos quais têm de contribuir aposentados e empregados em relação de dependência.
Os trabalhadores informais e os desempregados receberão auxílio por meio dos benefícios pagos a seus filhos, com pagamentos de mil pesos extras por filho, um em setembro e um em outubro.
O salário mínimo será elevado pela segunda vez no ano, segundo a Casa Rosada. "Para definir a porcentagem final do aumento, o governo vai convocar o Conselho Nacional do Emprego, da Produtividade e do Salário Mínimo", informa a presidência argentina.
Para PMEs, a Administração Federal de Ingressos Públicos (AFIP, como se chama o fisco local) está lançando um plano dando um prazo de 10 anos para quitar dívidas em aberto.
Outra medida atribuída por Macri aos pequenos e médios empresários é o congelamento, por 90 dias, dos preços da nafta e do resto dos combustíveis. Estudantes que recebem uma bolsa chamada "Progredir" terão um aumento de 40% do valor recebido em setembro.
*Com Estadão Conteúdo e agências internacionais