Por que a Cesp era a peça que faltava no quebra-cabeça da Votorantim Energia
A compra do controle da geradora estatal paulista foi arrematada na tarde desta sexta pelo consórcio formado com a Canada Pension Plan Investment Board
A compra da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) pelo consórcio formado pela Votorantim Energia e pelo Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), empresas que já tinham anunciado uma joint venture para investimentos em energia, se encaixava "perfeitamente" na estratégia de crescimento da sociedade, disse nesta sexta-feira, 19, o presidente da Votorantim Energia, Fabio Zanfelice, ao justificar a compra do controle da geradora estatal paulista, arrematada na tarde desta sexta.
"A criação da joint venture com a CPPIB foi feita em dezembro do ano passado e temos interesse em investir em energias renováveis no Brasil e a Cesp faz parte dessa estratégia... A Cesp se encaixou exatamente nessa estratégia de crescimento", disse.
O Consórcio São Paulo Energia, formado pelos sócios, ofereceu R$ 14,60 por ação da Cesp, o que corresponde a um ágio de 2,09% ante o preço mínimo de R$ 14,30/ação. O bloco de controle colocado à venda inclui 116,4 milhões de ações pertencentes ao governo paulista.
Com isso, o consórcio pagará R$ 1,7 bilhão pela fatia de controle. O grupo precisará realizar uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) obrigatória, o que pode levar o valor da aquisição a cerca de R$ 4,8 bilhões.
Adicionalmente, o consórcio ainda deverá pagar R$ 1,397 bilhão de outorga pela renovação antecipada da concessão da usina de Porto Primavera, por 30 anos, até 2048. O atual contrato de concessão vence em 2028. No total, o valor total do negócio pode superar os R$ 6 bilhões.
Suspense
Conforme comentou Zanfelice, a contribuição das sócias no negócio é de 50% no total. Questionado sobre a origem dos recursos e potencial financiamento, ele comentou que as empresas já têm um desenho de "estrutura que vai usar", mas indicou que essa estratégia só será divulgada após o consórcio obter todas as aprovações necessárias, como do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e assumir o ativo.
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"Feita a aprovação, podemos assumir a empresa e a partir dai boa parte da estratégia da empresa vamos começar a divulgar. Não gostaria de divulgar a estratégia até ter todas as aprovações", justificou.
O executivo também evitou comentar sobre potenciais ganhos de eficiência que espera obter ou a estratégia para conquistá-los, incluindo o tratamento que deve dar para os passivos que a Cesp carrega.
Questionado sobre o relacionamento com as comunidades locais afetadas pelas usinas da geradora, ele comentou que assim que assumirem o ativo, serão iniciadas conversas e contatos. "Já temos uma história de tratamento com a comunidade e meio ambiente", disse.
Zanfelice comentou que especificamente o pagamento do bônus de outorga para a União pela renovação da Usina de Porto Primavera, da ordem R$ 1,4 bilhão, só acontece depois da assinatura do contrato de concessão, o que deve ocorrer entre o fim deste ano e o início do ano que vem.
Estreante
A joint venture entre Votorantim Energia e a CPPIB, constituída em dezembro de 2017, representou o primeiro investimento em infraestrutura do fundo canadense no Brasil.
À época, o chefe de Infraestrutura na América Latina do CPPIB, Ricardo Szlejf, havia anunciado a expectativa de investir pelo menos R$ 3 bilhões em ativos operacionais ou em desenvolvimento na geração de energia no País.
Embora a empresa tenha começado com projetos no segmento eólico, o executivo sinalizava o plano de diversificar as fontes, buscando também projetos solares e hidráulicos - de grande ou pequeno porte -, dada a expertise da Votorantim em hidrelétricas.
"Estamos muito satisfeitos com a transação, vemos uma expansão da nossa parceria com o grupo Votorantim e também como uma evidência do compromisso de longo prazo com o Brasil, com a América Latina", disse.
*Com Estadão Conteúdo
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