Não, eu não bati com os cotovelos ou com a testa no teclado para digitar a linha acima. Esse é apenas o belíssimo nome do grandíssimo primeiro criptoanalista do mundo.
Ou, se você preferir, pode ser também o grandíssimo nome do belíssimo primeiro criptoanalista do mundo, fica a seu critério. Se é que me entende.
No entanto, “Kindizinho” não é um analista de cripto do século 21. Ele é do tempo em que cripto se referia apenas à criptografia, e não a criptoativos.
Foi em berço árabe que nasceu a criptoanálise aliada aos próprios estudos da criptografia em si.
Ou seja, enquanto um grupo tentava criar as suas técnicas para enviar mensagem entre batalhões, mitigando o risco de que ela fosse interceptada e entendida (estudo de criptografia), outro grupo tentava fazer exatamente essa interpretação de mensagens criptografadas (estudo da criptoanálise).
É uma batalha entre bactéria e antibiótico, na qual as vitórias para ambos os lados são apenas momentâneas.
Quero dizer que o ciclo funciona da seguinte forma: primeiro temos os criptógrafos que criam alguma criptografia “inquebrável”, que perdura como segura por vários anos.
Então, um criptoanalista descobre uma forma de entender a mensagem da criptografia e vence a batalha momentaneamente.
Novamente, os criptógrafos são instigados a criar uma nova criptografia “inquebrável”. E assim esse universo persiste em um loop infinito.
E al-Kindi ficou famoso por ter descoberto como decifrar uma das cifras (ou criptografias) mais famosas, a Cifra de César.
Ela consistia em uma substituição simples de letras, como por exemplo trocar todas as letras de uma mensagem pela letra seguinte no alfabeto. Dessa forma, a mensagem “ALÔ” se tornaria “BMP”.
Kindizinho fez, então, uma análise de frequência de letras para decifrar a mensagem.
É bem simples. Na língua portuguesa, por exemplo, a letra “A” é a que mais aparece, cerca de 15 por cento em uma frase.
Com isso em mente, a letra que mais se repetisse em uma frase seria decifrada como A e, então, era apenas questão de tempo até se entender a mensagem inteira.
E estou falando isso para você, porque toda a nossa confiança e potencial no universo dos criptoativos estão pautados na evolução que a criptografia teve e também na vitória momentânea que está tendo sobre os criptoanalistas.
Existe um risco visível de a criptoanálise vencer no médio/longo prazo. Trata-se da evolução do computador quântico que possivelmente pode reverter as transações dentro do blockchain.
No entanto, as poucas unidades desses computadores, que ainda estão em beta, estão nas mãos de empresas e governos responsáveis.
Isso gera tranquilidade de alguma forma.
Mesmo assim, a máxima de investir apenas o que você pode perder vale a pena nesse quesito também.
Regra de bolso dada, vamos ao mercado.
O bitcoin segue sofrendo e, ainda assim, aumentando sua dominância. Isso mostra que, apesar de ele ser o ponto onde toda queda começa, continua figurando como o ativo com menor risco do universo cripto.
O investidor que topa o risco cripto ainda concentra sua aposta no principal ativo em market cap.
E se você encara dessa mesma forma, a black friday também existe em cripto.