Um casamento inusitado foi sacramentado no último dia de funcionamento dos mercados. Com um aporte de R$ 600 milhões, o Itaú Unibanco vai virar sócio de uma subsidiária da distribuidora de energia elétrica Energisa.
Com o negócio, o maior banco privado do país passa a deter 12,3% do capital da Energisa Participações. A participação será apenas em ações preferenciais (PN, sem direito a voto). Os outros 87,7% do capital da subsidiária permanecerão com a holding Energisa.
A empresa da qual o Itaú virou sócio detém o controle das distribuidoras do Grupo Rede e da Energisa Mato Grosso. O acordo prevê ainda que a holding de energia terá a opção de recomprar a participação vendida para o banco.
Conversão de dívida?
O comunicado da Energisa não deixa claro, mas tudo indica que o aporte do Itaú foi feito a partir de uma conversão de dívida.
"Os investimentos realizados no contexto da operação contribuirão para a preservação da liquidez financeira do Grupo Energisa e para a sua desalavancagem geral", diz a empresa, no documento encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em setembro, a dívida líquida consolidada da empresa era de R$ 8,656 bilhões, o equivalente a 2,9 vezes a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
O fato de se tratar de uma conversão de dívida, e não um aporte com dinheiro novo, também explicaria o fato de o negócio não ter sido realizado pela Itaúsa, que é a holding de investimentos do Itaú.
Eu procurei o banco e a empresa de energia, mas ambos me informaram, via assessorias de imprensa, que não comentariam o assunto.