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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

Mercado ecoa apelo de Maia

Após nova troca de farpas, presidente da Câmara, Rodrigo Maia, faz apelo e pede para presidente Jair Bolsonaro “parar de criticar”

Mercado
Tensão começou após Bolsonaro afirmar que Maia está “abalado”

A relação entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Jair Bolsonaro voltou a ficar tensa ontem, o que deve manter o nervosismo no mercado financeiro hoje. Os dois trocaram farpas desde o fim da tarde e a discussão foi encerrada com um apelo do deputado ao chefe do Executivo: “Pare, chega, peça ao entorno para parar de criticar”. E os investidores tendem a ecoar essas palavras, para evitar uma espiral negativa nos ativos.

Desde o fim da semana passada, a relação entre os dois poderes vinha se deteriorando, o que já pressionava os negócios locais. Ontem, houve novo bate-boca, após Bolsonaro afirmar que Maia estaria “abalado” por questões pessoais - em referência à prisão de seu sogro, o ex-ministro Moreira Franco. O deputado afirmou que “abalados estão os brasileiros” e cutucou dizendo que o presidente estava “brincando de presidir o Brasil”.

Bolsonaro retrucou e Maia fez o apelo. A questão é que durou pouco mais de um dia a promessa do presidente, de que iria manter o foco apenas na reforma da Previdência. A decisão havia sido tomada em reunião com o núcleo político e a equipe econômica, na terça-feira, quando o presidente foi advertido sobre o impacto dos ruídos na comunicação com o Congresso.

A falta de tato do governo para lidar com os parlamentares e a incapacidade em coordenar a articulação política para aprovar a reforma da Previdência ainda neste semestre fizeram o mercado doméstico perder a paciência - e a confiança, em meio ao “apagão político-gerencial” de Bolsonaro. A menos de 100 dias de mandato, o Palácio do Planalto vive uma nova crise e simplesmente não consegue concentrar no que é relevante ao país.

Não desce pro play

Com isso, os ativos locais não tiveram um péssimo desempenho ontem, após o estrago causado pela derrota do governo na Câmara na quarta-feira à noite. O tom ameaçador na fala do ministro Paulo Guedes (Economia), dizendo que “tem vida fora” e nenhum “apego ao cargo”, em nada ajudou a pacificar o ambiente. Ao contrário, serviu para mostrar a estratégia suicida do governo - que será via ameaça ou pela força.

Ao final da sessão, a Bolsa brasileira viu seu principal índice acionário, o Ibovespa, cair 3,5%, abaixo dos 92 mil pontos, enquanto o dólar superou a faixa de R$ 3,95, em alta de mais de 2%. O movimento refletiu a piora no ambiente político em Brasília, após os deputados aprovarem em uma votação-relâmpago de dois turnos, e com mais cerca de 450 votos a favor em cada rodada, o chamado Orçamento Impositivo.

E hoje cabem novos ajustes. Afinal, o fim do mês está chegando - e, de quebra, do primeiro trimestre deste ano - e os investidores precisam adequar suas carteiras de investimento ao cenário político mais desfavorável à votação da reforma da Previdência. Os ativos de risco, é bom lembrar, embutiram no preço uma aprovação das novas regras para aposentadoria ainda neste semestre e com poucas alterações.

Porém, à medida que abril (e o segundo trimestre) se aproxima, esse cronograma parece mais apertado. Da mesma forma, a queda de braço entre os poderes amplia os riscos de desidratação da proposta ampla e dura por uma Nova Previdência. Ainda mais com Guedes e Bolsonaro afirmando que “a bola está com o Congresso” e tirando o time do Executivo do campo, sem jogar junto na disputa por votos entre os parlamentares.

Por isso, qualquer melhora local deve ser pontual e insuficiente para trazer alívio. A sensação é de que não tem espaço para uma retomada mais firme, em meio ao clima político tenso. Afinal, o recado da Câmara foi duro e a derrota escancara a desarticulação política e a falta de liderança do governo, minando as apostas mais otimistas. Ainda mais quando o Palácio do Planalto prefere jogar com interferência externa ou deixar o play.

Exterior no vermelho

O ambiente externo novamente negativo em pouco deve ajudar a aliviar a tensão doméstica, mantendo a pressão nos negócios locais. As principais bolsas asiáticas encerraram a sessão em queda, prejudicadas pelas perdas em Wall Street na véspera. Os índices futuros das bolsas de Nova York seguem no vermelho nesta manhã, contaminando a abertura do pregão europeu.

Novos relatos de que as negociações comerciais entre Estados Unidos e China têm tido progresso “em todas as frentes” são incapazes de animar os mercados. Afinal, ainda não há um cronograma para a assinatura de um acordo final, apesar dos esforços de Pequim para coibir as transferências forçadas de tecnologia. A expectativa, agora, é de que um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping seja adiado para junho.

Com isso, o foco dos investidores se volta para o mercado de bônus, que antecipa sinais de recessão econômica à frente. O título norte-americano de 10 anos (T-note) é negociado nos níveis mais baixos desde dezembro de 2017, ao passo que o rendimento (yield) do “bund” alemão de mesmo vencimento afunda ainda mais em terreno negativo, fortalecendo a visão de que a Europa está se “Japãonificando” - sem crescimento econômico nem inflação.

Já o bônus australiano segue nas mínimas recordes, enquanto o papel referencial japonês cai ao menor nível desde agosto de 2016. Esse movimento fortalece o dólar em relação às moedas rivais e de países emergentes, ao mesmo tempo em que pesa nas commodities. Entre os destaques, estão a libra, em meio à falta de consenso sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) um dia antes do prazo final. A lira turca também cai forte.

RTI e PIB dos EUA em destaque

A agenda econômica desta quinta-feira traz como destaques o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central, logo cedo (8h), e o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, às 9h30. Em ambos os casos, porém, não devem haver novidades.

Enquanto o documento do BC, referente ao primeiro trimestre deste ano, devem apenas chancelar o recado trazido na ata da reunião deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom), os dados do PIB norte-americano ao final de 2018 devem confirmar a leitura anterior, com uma expansão robusta de 2,5%.

Com isso, as atenções locais se voltam para a entrevista coletiva a ser concedida pelo BC para comentar o documento, a partir das 11h. É esperada a participação do novo comandante da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, que falará à imprensa pela primeira vez e pode mandar novos recados.

Após encontrarem as digitais do ex-executivo do Santander na ata da primeira reunião sob seu comando, os investidores querem entender quanto tempo será necessário para o BC avaliar a economia e, então, sinalizar novos cortes na taxa básica de juros. Ao que tudo indica, ele deve reafirmar a necessidade das reformas, notadamente as de natureza fiscal.

Ainda por aqui e também às 8h sai o resultado deste mês do IGP-M, que deve vir ainda mais salgado, com a taxa mensal acima de 1%, acumulada um resultado em 12 meses de mais de 8%. A alta dos preços deve ser conduzida pelos preços no atacado, em meio à pressão do dólar sobre as commodities agrícolas e industriais.

No mesmo horário, sai o índice de confiança do comércio em março. Ontem, as leituras sobre o sentimento do consumidor e no setor da construção civil mostraram um recuo para os menores níveis desde as eleições presidenciais, em outubro passado, já interrompendo a melhora observada na virada do ano, que foi em um ritmo aquém do esperado.

Na zona do euro, também será conhecido o índice de confiança do consumidor na região em março, também logo cedo (7h). Já a agenda econômica norte-americana traz também os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos EUA (9h30) e dados do setor imobiliário em fevereiro (11h).

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