Mercado monitora focos de tensão
Protestos em Hong Kong e crise na Argentina somam-se às preocupações com guerra comercial e crescimento econômico global
O fluxo de notícias não dá trégua ao mercado financeiro, que monitora os diversos focos de tensão espalhados pelo mundo. À guerra comercial entre Estados Unidos e China, que afeta as perspectivas do crescimento global e mantém o sentimento de aversão ao risco, somam-se os protestos pró-democracia em Hong Kong e, agora, a crise na Argentina.
Com isso, o sinal negativo volta a prevalecer entre as bolsas nesta terça-feira. Na Ásia, a tensão em Hong Kong manteve os investidores na defensiva, à medida que o protestos continuavam, mas em menor escala. O índice Hang Seng caiu 2%, liderando a perdas na região, enquanto Tóquio cedeu 1% e Xangai recuou 0,6%, após o Banco Central chinês (PBoC) fixar a taxa de referência do yuan acima de 7 por dólar pelo quarto dia seguido, a 7,0326.
No Ocidente, as principais bolsas europeias são negociadas em queda pela terceira sessão consecutiva, com as ações de bancos entre os destaques de baixa. Entre as commodities, o petróleo cai. Os índices futuros das bolsas de Nova York também amanheceram no vermelho, atentos também à inclinação negativa da curva de juros norte-americana, com o rendimento (yield) do título longo de 30 anos (T-bond) aproximando-se da mínima histórica.
Além de sinalizaram uma busca por proteção, bem como os riscos de uma recessão econômica nos EUA à frente, juros negativos no país sugerem, ao menos, certa disfuncionalidade monetária. Ou seja, os vários estímulos já lançados pelo Federal Reserve não permitiram um ajuste nos preços dos ativos, sustentando-os artificialmente. Assim, taxas negativamente inclinadas coincidem com quedas abruptas em Wall Street.
O fato de que a economia global está vendo uma desaceleração sincronizada, em meio à escalada da tensão entre EUA e China e às várias frentes da guerra (comercial, cambial, tecnológica), e de que os bancos centrais estão sem criatividade para conter o impacto da disputa turva o cenário à frente. Ou, ao menos, as projeções econômicas mais otimistas.
Soma-se a isso os receios relacionados ao agravamento das manifestações pró-democracia em Hong Kong contra o governo da ilha, ligado a Pequim. O governo chinês ainda respeita certo grau de autonomia da ex-colônia britânica, sob a política de “um país, dois sistemas”. Mas é difícil não pensar em intervenção do Exército se os atritos entre manifestantes e a polícia continuarem assim.
Não obstante, a derrota acachapante do presidente argentino, Mauricio Macri, nas eleições primárias para o candidato da oposição, Alberto Fernández, tem chances de impactar o mercado doméstico, nos moldes do que foi visto ontem. Por mais que o Brasil esteja “longe” de uma comparação com o país vizinho, é grande o risco de contaminação, uma vez que se trata do terceiro maior parceiro comercial do país, atrás apenas de China e EUA.
Los Hermanos
Passado o susto com a Argentina, os investidores tentam ver alguma luz no fim do túnel. Dado que é baixa a probabilidade de reversão até a eleição oficial no país vizinho, em outubro, os mercados financeiros tentam se concentrar na formação de governo de Fernández e na agenda econômica dele.
Para economistas, está dada a receita para uma catástrofe e um calote (default) da dívida externa do país é inevitável. Se com uma forte recessão econômica, a inflação em alta e a ausência de reservas internacionais já seria difícil endereçar os problemas argentinos com um candidato liberal, imagina com um que tem Cristina Kirchner como vice na chapa...
Ontem, o contágio do país vizinho ao ativos brasileiros se sobrepôs ao otimismo local com a agenda de reformas. Como resultado, o dólar superou a marca de R$ 4,00 durante a sessão, mas fechou abaixo desse nível, ao passo que o Ibovespa defendeu os 100 mil pontos, amparado pela perspectiva de novos cortes na Selic.
De qualquer forma, trata-se de mais um fator a trazer volatilidade ao mercado doméstico no curto prazo, testando o otimismo local com o caráter reformista do Congresso e a agenda de privatizações/desburocratização do governo Bolsonaro. Afinal, a difícil reversão de Macri é um elemento negativo para a América Latina, afastando ainda mais o capital estrangeiro do risco na região e dificultando a tentativa de recuperação da economia brasileira.
Dados no exterior em foco
A agenda econômica está esvaziada no Brasil nesta terça-feira. Mas em meio a tantos focos de tensão no mercado financeiro deve ser difícil os investidores concentrarem-se apenas nos números da inflação ao consumidor norte-americano (CPI) em julho (9h30).
O indicador é o grande destaque do calendário do dia hoje e pode calibrar as apostas sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos no mês que vem. Mas também merece atenção o índice ZEW de sentimento econômico na zona do euro, logo cedo, e os dados sobre a atividade na indústria e no varejo chinês no mês passado, à noite.
Acionistas da Zamp (BKBR3) recusam-se a ceder a coroa do Burger King ao Mubadala; veja quem rejeitou a nova oferta
Detentores de 22,5% do capital da Zamp (BKBR3) já rechaçaram a nova investida do Mubadala, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos
Inflação americana segue sendo o elefante na sala e Ibovespa cai abaixo dos 110 mil pontos; dólar vai a R$ 5,23
O Ibovespa acompanhou o mau humor das bolsas internacionais e segue no aguardo dos próximos passos do Fed
Esquenta dos mercados: Cautela prevalece e bolsas internacionais acompanham bateria de dados dos EUA hoje; Ibovespa aguarda prévia do PIB
As bolsas no exterior tentam emplacar alta, mas os ganhos são limitados pela cautela internacional
Wall Street se recupera, mas Ibovespa cai com varejo fraco; dólar vai a R$ 5,17
O Ibovespa não conseguiu acompanhar a recuperação das bolsas americanas. Isso porque dados do varejo e um desempenho negativo do setor de mineração e siderurgia pesaram sobre o índice.
Esquenta dos mercados: Depois de dia ‘sangrento’, bolsas internacionais ampliam quedas e NY busca reverter prejuízo; Ibovespa acompanha dados do varejo
Os futuros de Nova York são os únicos que tentam emplacar o tom positivo após registrarem quedas de até 5% no pregão de ontem
Inflação americana derruba Wall Street e Ibovespa cai mais de 2%; dólar vai a R$ 5,18 com pressão sobre o Fed
Com o Nasdaq em queda de 5% e demais índices em Wall Street repercutindo negativamente dados de inflação, o Ibovespa não conseguiu sustentar o apetite por risco
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições
Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão
CCR (CCRO3) já tem novos conselheiros e Roberto Setubal está entre eles — conheça a nova configuração da empresa
Além do novo conselho de administração, a Andrade Gutierrez informou a conclusão da venda da fatia de 14,86% do capital da CCR para a Itaúsa e a Votorantim
Expectativa por inflação mais branda nos Estados Unidos leva Ibovespa aos 113.406 pontos; dólar cai a R$ 5,09
O Ibovespa acompanhou a tendência internacional, mas depois de sustentar alta de mais de 1% ao longo de toda a sessão, o índice encerrou a sessão em alta
O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)
Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior
Leia Também
-
Quando as quedas de ações se tornam oportunidades — e quando fugir delas
-
Itaú recomenda aumento da exposição à bolsa brasileira a clientes: 'correção abriu oportunidade de compra'
-
Lucro da Taurus (TASA4) desaba com “efeito Lula” — mas CEO revela como empresa quer se “blindar” dos ventos contrários em 2024
Mais lidas
-
1
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
-
2
Ações da Casas Bahia (BHIA3) disparam 10% e registram maior alta do Ibovespa; 'bancão' americano aumentou participação na varejista
-
3
Cenário apocalíptico, crise bilionária e centenas de lojas fechadas: o que está acontecendo com os Supermercados Dia?