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Olivia Bulla
Olivia Bulla
Olívia Bulla é jornalista, formada pela PUC Minas, e especialista em mercado financeiro e Economia, com mais de 10 anos de experiência e longa passagem pela Agência Estado/Broadcast. É mestre em Comunicação pela ECA-USP e tem conhecimento avançado em mandarim (chinês simplificado).
A Bula do Mercado

BC manda recado e mercado reavalia expectativas

Copom deixa taxa básica de juros no piso histórico, conforme esperado, mas mantém alerta sobre frustração com as reformas no Brasil e piora do cenário para emergentes

Olivia Bulla
Olivia Bulla
7 de fevereiro de 2019
5:30 - atualizado às 10:46
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Ilan Goldfajn despediu-se do comando do Comitê de Política Monetária (Copom) deixando a taxa básica de juros no piso histórico em que vem sendo mantida desde maio do ano passado, a 6,50%, após 12 cortes seguidos. No comunicado que acompanhou a decisão, o Banco Central reiterou que é preciso ter “cautela, serenidade e perseverança” na condução da Selic, dando um recado claro à próxima gestão, mas também ao mercado financeiro.

A ansiedade entre os investidores pela possibilidade de novos cortes nos juros básicos, devido ao cenário inflacionário benigno e à lentidão na recuperação econômica, tem impulsionado os ativos brasileiros, que também embutem nos preços uma aprovação rápida da reforma da Previdência e uma menor pressão cambial. Mas o comportamento da Bolsa brasileira e do dólar ontem colocou em xeque o otimismo com essa agenda no Congresso.

Por isso, o Copom enfatizou que “permanecem fatores de risco”, com maior peso - portanto, “assimetria” - no que se refere à “frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas”, com a perspectiva de um longo caminho até a aprovação, e também à deterioração do cenário para economias emergentes.

Afinal, lembra o BC, apesar da diminuição dos riscos associados a uma alta na taxa de juros nos Estados Unidos, crescem as incertezas ligadas à desaceleração econômica global. Esse temor tem sido mais evidentes em economias ex-EUA, com os dados fracos de atividade na Alemanha dando conta que os juros na zona do euro seguirão baixos.

Águas de março

Em março, quando acontece a próxima reunião do Copom, provavelmente sob a direção de Roberto Campos Neto, algumas questões importantes podem ter sido endereçadas, calibrando as chances de a Selic voltar a cair. A reforma da Previdência, por exemplo, já estará em tramitação no Congresso e será possível aferir fatores como a diluição da proposta e eventuais atrasos.

Também no mês que vem termina a trégua tarifária de 90 dias assinada entre Estados Unidos e China e espera-se um desfecho definitivo até lá. Aliás, a guerra comercial tem feito da rota Washington-Pequim uma “ponte aérea”, à medida que o prazo está se aproximando e ainda não há sinais de solução para questões estruturais no conflito entre as duas maiores economias do mundo.

Dias depois do próximo encontro do novo Copom, em 19 e 20 de março, está prevista a data final para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE). A falta de acordo entre o Parlamento britânico; a primeira-ministra, Theresa May e o bloco comum de 28 países europeus sinaliza que pode haver um Brexit desordenado, provocando consequências catastróficas por todo o Velho Continente.

A boa notícia é que nos mesmos dias de reunião do Copom, o Federal Reserve também se reúne e deve reiterar a mensagem de que será “paciente” na condução da política monetária norte-americana. Assim, além da troca da presidência no BC brasileiro e das incertezas em relação à reforma da Previdência, o ambiente internacional cada vez mais “desafiador” também tende a gerar volatilidade nos negócios locais no curto prazo.

Reforma, reforma, reforma

O mercado financeiro brasileiro está mais receoso com o noticiário envolvendo a reforma da Previdência. Aos poucos, os investidores vão percebendo que os detalhes da proposta vazados pela imprensa foram mais um “balão de ensaio”, de modo a medir a reação dos diferentes públicos (mercado financeiro, políticos e população).

Ao mesmo tempo, incomoda a informação de que existem várias versões para as mudanças nas regras da aposentadoria, sendo que a que foi divulgada (e a que o mercado espera que seja a aprovada) é a mais abrangente. As demais propostas podem conter medidas mais suaves - como é o caso da não equiparação da idade mínima para homens e mulheres.

Outro ponto de tensão é a fraca articulação política. Ainda há dúvidas sobre a capacidade do “novato” líder do governo na Câmara, o Major Vitor Hugo, em lidar com os partidos políticos, já que a discussão não será mais com as bancadas temáticas. Ele trabalha para consolidar a base, mas há rumores de que não terá os 308 votos para aprovar a pauta.

Além disso, o mercado financeiro doméstico está percebendo um ambiente menos benigno para o andamento da reforma da Previdência. Uma vez que a proposta que já tramita no Congresso, apresentada pelo governo Temer, não será usada, o processo deve voltar à estaca zero, levando mais tempo para discussões, diluições no texto e atrasos na votação.

Teto de vidro

Isso sem falar do projeto de lei anticrime, apresentado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro. O texto tende a dividir as atenções dos deputados, que podem ser mostrar mais interessados em votar primeiro uma matéria de maior apelo popular do que o da Previdência. A proposta também será apresentada em breve pelo governo.

Também será preciso avaliar a reação dos políticos e da opinião pública, após a definição dos ocupantes da Mesa Diretora do Senado. O plenário da Casa elegeu Flávio Bolsonaro para o cargo de terceiro secretário, com 72 votos para a chapa única. O filho do presidente é investigado pela suposta prática de falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda precisa decidir se encaminha as apurações à Corte Suprema (STF) ou se mantém o caso na primeira instância. Já a investigação que envolve movimentações financeiras atípicas do ex-assessor do senador, Fabricio Queiroz, será conduzida por um dos promotores que investigou o assassinato de Marielle Franco.

Talvez fosse o caso de o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, optar pela discrição e pela eficiência da Mesa, poucos dias após a tumultuada eleição que o levou ao cargo máximo no Congresso. Ao contrário. A nova composição coloca ainda mais em evidência a falta de entendimento entre os senadores.

Afinal, a escolha da Mesa não levou em conta o tamanho das bancadas, como acontece historicamente. Com isso, a maior bancada, do MDB, ficou apenas com a segunda secretaria. Ainda assim, o partido de Renan Calheiros deve ficar com a presidência da CCJ, considerada a comissão mais importante, onde começa o trâmite das propostas legislativas.

Nos mercados

Todo esse panorama político tende a esquentar o debate sobre a reforma da Previdência, gerando ruídos e causando incertezas, o que tende a elevar a volatilidade dos negócios locais. Além disso, o mercado doméstico pode ficar mais suscetível ao humor externo, onde o cenário é igualmente desafiador.

Mas como os ativos brasileiros foram quase que totalmente impulsionados pelos investidores locais, é o movimento do fluxo doméstico (os ajustes e zeragens) que irá determinar o próximo passo do mercado. Por isso, ontem se observou uma forte realização da Bolsa brasileira na reta final do pregão, culminando na maior queda diária desde a greve dos caminhoneiros, enquanto o dólar retornou à faixa de R$ 3,70.

Por ora, os “gringos” estão apenas monitorando o mercado bastante “povoado” de residentes - e nem um pouco barato. Os números do Banco Central sobre o fluxo cambial mostram que os investidores estrangeiros entraram com pouco mais de US$ 550 milhões em janeiro, cifra bem menor que os US$ 5,5 bilhões de aportes na via financeira no mesmo período de 2018.

Portanto, o investidor externo não acompanhou o rali local, que fez o Ibovespa subir quase 11% apenas no mês passado. Entre os não residentes, o sentimento é de que a proposta de reforma da Previdência é “boa”, mas há dúvidas sobre se o plano é mesmo “pra valer”. Então, é melhor esperar para ver...

No exterior

O ambiente externo tampouco deve contribuir para uma recuperação dos mercados domésticos hoje, em meio ao sinal negativo que prevalece nos negócios nesta manhã. Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram no vermelho, após a queda de 0,6% da Bolsa de Tóquio, em meio às preocupações sobre a relação China-EUA.

Ainda assim, traz algum alento o discurso do presidente do BC australiano (RBA), Philip Lowe, de que taxas de juros mais baixas “podem ser apropriadas em algum momento”. Em reação, a Bolsa de Sydney fechou em alta de 1,1% e a da Nova Zelândia subiu 0,7%, com os dólares desses países tentando ganhar terreno frente ao xará norte-americano.

As principais bolsas europeias também estão mais fracas, em meio à preocupação com a atividade na Alemanha e a saúde fiscal na Itália. Nos demais mercados, o dólar mede forças em relação às moedas rivais, ao passo que o petróleo recua, após os dados sobre os estoques norte-americanos da commodity reduzir o risco de excesso de oferta.

Dia de agenda fraca

A agenda econômica desta quinta-feira está sem destaques. No Brasil, sai o IGP-DI de janeiro, que deve interromper dois meses seguidos de queda e subir 0,2% no mês passado. Ainda assim, a taxa acumulada em 12 meses deve cair abaixo de 7%. O resultado efeito será conhecido às 8h.

Depois, a atenção se volta para o Reino Unido, onde o Banco Central inglês (BoE) anuncia a decisão de juros (10h) e também publica o relatório de inflação. Será importante observar a avaliação da autoridade monetária em relação ao drama do Brexit. Uma votação para um eventual acordo com a UE, na semana que vem, pode ser adiada.

Entre os indicadores econômicos, nos Estados Unidos, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país (11h30) e também os dados sobre o crédito ao consumidor em dezembro (18h). Na safra de balanços, saem os resultados trimestrais da Klabin, antes da abertura do pregão, e das Lojas Renner, após o fechamento.

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