Agenda do dia define juros
Dados de emprego nos EUA e de inflação ao consumidor no Brasil calibram as apostas do mercado financeiro em relação ao rumo dos juros neste mês
A primeira sexta-feira do mês traz, como de costume, os dados oficiais sobre o emprego nos Estados Unidos (payroll) e sobre a inflação ao consumidor no Brasil (IPCA). Os números tendem a calibrar as apostas do mercado financeiro em relação à decisão de juros do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom), daqui a duas semanas.
Por aqui, a queda do dólar para perto de R$ 4,10 praticamente consolidou as chances de um novo corte de meio ponto na Selic, em meio ao cenário de atividade fraca e inflação confortável. Lá fora, as incertezas em relação ao impacto da guerra comercial na economia real elevam a pressão por uma nova ação do Fed - quiçá, mais agressiva.
Mas os argumentos param por aí. Por mais que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirme que não deixará de cortar a Selic por causa do dólar, sabe-se que se o juro básico brasileiro renovar o piso histórico, podendo cair ainda mais até dezembro, a 5,00%, a pressão sobre a moeda norte-americana tende a ser ainda maior, consolidando o nível de R$ 4,00 como um “novo normal” para o câmbio, em meio à baixa atratividade do diferencial de juros pago aqui.
Já as razões para o Fed agir têm caráter político, diante das críticas do presidente Donald Trump. Afinal, o mercado de trabalho norte-americano segue sólido, sem sinais claros de pressão inflacionária, o que não exige nenhum estímulo, por ora. O risco, então, seria o Fed ficar sem opção para agir quando for de fato necessário, em caso de uma recessão no país.
Por isso, também merece atenção o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre política monetária, às 13h30. Entre os indicadores econômicos, o IPCA de agosto será conhecido às 9h e deve mostrar alta de 0,1% em relação a julho, com a taxa acumulada em 12 meses seguindo abaixo da meta perseguida pelo Banco Central, em 3,5%.
Na sequência, às 9h30, sai o número de postos de trabalho criados nos EUA no mês passado. Após os dados do setor privado ontem, a expectativa é de que tenham sido abertas 160 mil vagas, infladas com a contratações para o Censo de 2020, com a taxa de desemprego seguindo perto do nível mais baixo em quase 50 anos, em 3,7%. Já o ganho médio por hora tende a esfriar e crescer 3,0%.
Ainda na agenda econômica do dia, no Brasil, saem outros dois índices de preços em agosto, o IGP-DI (8h), que deve registrar deflação, e o INPC (9h), além de números sobre o custo da construção civil no mês passado (9h). No fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro passa pela quarta cirurgia, desde a facada durante a campanha eleitoral, há um ano. Já no exterior, merece atenção hoje a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no segundo trimestre deste ano.
Exterior retoma cautela
À espera dos dados efetivos e da fala de Powell, os mercados internacionais redobram a cautela, mostrando fôlego encurtado para ampliar o recente rali. Ainda assim, o sinal positivo segue firme nos ativos de risco. As principais bolsas asiáticas encerraram o dia em alta moderada, ecoando o encontro entre EUA e China no mês que vem.
O otimismo de que as duas maiores economias do mundo vão encontrar uma solução para a questão comercial ainda sustenta Wall Street no azul, mas as principais bolsas europeias perdem força. O petróleo também recua, ao passo que o dólar mede forças em relação às moedas rivais.
Como o progresso esperado nas negociações é limitado, podendo haver reviravoltas no caminho, os investidores seguem preocupados com o fato de a incerteza sobre o conflito e a consequências de tarifas impostas por ambos os lados exacerbarem a desaceleração do crescimento econômico global, prejudicando o lucro das empresas.
Afinal, por mais que tenha sido anunciado que as reuniões que ocorrerão em Washington serão em vários níveis, o fato é que o encontro esperado para este mês foi adiado para o início de outubro, ainda sem data definida. E, no começo do mês que vem, as tarifas de 25% sobre US$ 250 bilhões de produtos chineses irão subir para 30%, no que será a escalada mais recente da guerra comercial, às vésperas do grande encontro.
Campos Neto estragou a festa do mercado e mexeu com as apostas para a próxima reunião do Copom. Veja o que os investidores esperam para a Selic agora
Os investidores já se preparavam para celebrar o fim do ciclo de ajuste de alta da Selic, mas o presidente do Banco Central parece ter trazido o mercado de volta à realidade
Um dos maiores especialistas em inflação do país diz que não há motivos para o Banco Central elevar a taxa Selic em setembro; entenda
Heron do Carmo, economista e professor da FEA-USP, prevê que o IPCA registrará a terceira deflação consecutiva em setembro
O que acontece com as notas de libras com a imagem de Elizabeth II após a morte da rainha?
De acordo com o Banco da Inglaterra (BoE), as cédulas atuais de libras com a imagem de Elizabeth II seguirão tendo valor legal
Banco Central inicia trabalhos de laboratório do real digital; veja quando a criptomoeda brasileira deve estar disponível para uso
Essa etapa do processo visa identificar características fundamentais de uma infraestrutura para a moeda digital e deve durar quatro meses
Copia mas não faz igual: Por que o BC dos Estados Unidos quer lançar um “Pix americano” e atrelar sistema a uma criptomoeda
Apesar do rali do dia, o otimismo com as criptomoedas não deve se estender muito: o cenário macroeconômico continua ruim para o mercado
Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto
O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”
O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar
Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores
O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair
Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas
Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420
As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia
Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas
O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC
Leia Também
-
Itaú recomenda aumento da exposição à bolsa brasileira a clientes: 'correção abriu oportunidade de compra'
-
Lucro da Taurus (TASA4) desaba com “efeito Lula” — mas CEO revela como empresa quer se “blindar” dos ventos contrários em 2024
-
Ações da Casas Bahia (BHIA3) disparam 10% e registram maior alta do Ibovespa; 'bancão' americano aumentou participação na varejista
Mais lidas
-
1
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
-
2
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha
-
3
Ações da Casas Bahia (BHIA3) disparam 10% e registram maior alta do Ibovespa; 'bancão' americano aumentou participação na varejista